Uma pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), com mais de 150 milhões de CPFs, mostra que a maioria dos devedores que estão no cadastro é mulher. A diferença não é tão grande: mulheres – 53,7%; homens – 46,23%. A maior parte dos inadimplentes deve mais de R$ 500:

- até R$ 100: 16,12%
- até R$ 250: 18,37%
- até R$ 500: 15,97%
- acima de R$ 500: 49,54%

A dona de casa Elenice Barroso começou devendo mais ou menos R$ 500. Para tentar se livrar da primeira, começou a fazer outras dívidas. Entrou no cheque especial, estourou o cartão de crédito. Em menos de um ano, viu mais de 30 cheques serem devolvidos, tudo sem fundo. A dívida chegou a R$ 20 mil. “Hoje está baratinho, só R$ 300”, conta.

Outro dado que chama a atenção na pesquisa é a idade dos endividados. De cada cinco pessoas com o nome sujo, uma tem mais de 65 anos (< 24: 11,88%; 25-29: 12,18%; 30-39: 22,70%; 40-49: 16,00%; 50-64: 13,02%; >= 65: 24,22%). São vários os fatores que podem levar os idosos a perder o controle das finanças.

Pros pesquisadores, a explicação para devedores mais velhos pode ser a diferença de rendimento. Quando a aposentadoria chega, a renda cai, mas os gastos não. Extras com médico, remédios, podem até aumentar. Tem também os que são atraídos pelos juros baixos do empréstimo consignado e depois se atrapalham. “Se o idoso tem mais facilidade em contrair crédito, pode ser usado por parentes e amigos que muitas vezes precisam contrair créditos e não tem condições”, explica o gerente financeiro do SPC Brasil Flávio Borges.

Às vezes, o problema é confiar demais em um parente. A aposentada Norma dos Santos Ribeiro, de 73 anos, emprestou o nome para uma compra parcelada. “Essa pessoa parou de pagar e eu só soube faz uns dois meses. Não posso comprar nada.”

Nome não se empresta e Diana da Silva aprendeu que quem fica com nome sujo tem dificuldade até para arrumar emprego. Sem salário, não tem dinheiro para pagar as contas. “Já tive oportunidade, mas com restrição no nome fui travada.”

Se por um lado foram as mulheres que mais atrasaram as dívidas, por outro, também foram as que mais sanaram os compromissos. De acordo com os números do SPC, as mulheres lideram a recuperação de crédito com 55,12% ao passo que homens representam 44,88% dos CPFs removidos da base de inadimplentes do SPC.

Fonte: Globo.com