Dados de junho do Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), apontam para a primeira alta em oito meses, 0,6% em relação a maio. O rompimento na seqüência de queda, iniciada em setembro do ano passado, levou em consideração a perspectiva de uma segunda metade de ano melhor para determinados segmentos do varejo.

Porém, na comparação anual, o índice manteve a tendência de queda, a 23ª seguida, recuando 21,1% ante o mesmo período de 2014. Isso demonstra que, apesar da sinalização positiva, a percepção das condições atuais, tanto da economia como no setor, ainda seguem a percepção desfavorável dos últimos meses.

O resultado positivo do Icec na comparação mensal foi influenciado principalmente pela alta, pelo segundo mês consecutivo, do índice que mede o grau de otimismo do empresário do comércio, com aumento de 3,8%. O subíndice que mede o avanço do otimismo dos empresários em relação à economia cresceu 7,7% em relação ao mês anterior. Também colaborou com o resultado positivo mensal do Icec o crescimento de 0,6% em junho ante maio, no índice de intenção de investimento dos empresários do comércio.

Na comparação anual, o resultado negativo do Icec foi fortemente impactado pela deterioração da avaliação dos empresários das condições atuais do comércio, que manteve a tendência de queda na comparação anual observada nos últimos 10 meses, recuo de 42,4%. O índice ficou em 48,0 pontos na média nacional. O grau de insatisfação dos empresários da região Sudeste ficou ainda abaixo do restante do Brasil, 44,2 pontos. O subíndice que mede a avaliação dos empresários do comércio das condições econômicas atuais segue sendo o item com pior avaliação em todo o Icec (26,1 pontos). Em comparação a junho de 2014, esse indicador cedeu 59,8%. Para 93,1% dos empresários consultados, houve piora no cenário econômico nos últimos 12 meses.

A perspectiva de queda no volume de vendas, associada à elevação nos custos de captação de recursos nos últimos meses, fez com que os empresários do setor revisassem seus planos de investimentos. Apesar do crescimento de 0,6% em junho ante maio na intenção de investimento dos empresários do comércio, o índice registra queda de 19,7% na comparação anual. O percentual de empresários reportando níveis elevados de estoques se encontra em 29,0%, segundo patamar mais elevado da série histórica, iniciada em março de 2011. A concentração mais alta de estoques é de empresas voltadas à comercialização de bens de consumo duráveis (33,6%), refletindo a queda nas vendas verificadas principalmente nos segmentos automotivo, de móveis e de eletrodomésticos.

A intenção de contratação de funcionários recuou 23,3% ante junho do ano passado. Diante desse cenário, a CNC projeta que, pela primeira vez desde 2007, o nível de ocupação no comércio varejista deverá registrar retração anual de 0,8%, equivalente ao fechamento de 66,4 mil postos de trabalho no setor.