O Indicador de Confiança dos micro e pequenos empresários (MPEs) calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) registrou uma leve melhora em março e atingiu os 43,15 pontos, acima dos 42,99 pontos apresentados em fevereiro. O resultado segue abaixo do nível neutro de 50 pontos, demonstrando que os empresários entrevistados continuam pouco confiantes com as condições econômicas do país e de seus negócios.
Para especialistas, a crise econômica e política nos últimos seis meses pesam na confiança dos empresários. Os negócios dos MPEs são afetados pela conjuntura atual e 62,5% consideram que as condições gerais de suas empresas pioraram nos últimos seis meses. Já para as condições gerais da economia o percentual é ainda maior: 82,5% dos entrevistados afirmam que pioraram no último semestre.

Segundo o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, as projeções seguem apontando forte queda da atividade econômica ainda este ano. “Nos últimos dias, porém, a perspectiva de que o impasse político tenha alcançado o ápice, com desfecho próximo, animou o mercado”, diz. “Os empresários consideram que sem crise política as medidas econômicas possam ter início de fato, dando mais segurança aos próprios empresários e aos consumidores e possibilitando a retomada do crescimento. A consolidação da confiança é uma condição necessária para que as empresas realizem investimentos e façam novas contratações”, explica Pinheiro.

Apenas 9% dos MPEs notaram melhora em seus negócios
A abertura do Indicador de Confiança, chamada de Indicador de Condições Gerais, que mensura a percepção do empresariado tanto em relação à trajetória da economia como de seus negócios nos últimos seis meses, registrou 25,94 pontos em março, o que representa uma piora em relação a fevereiro (27,7 pontos).

O subindicador das condições gerais para os negócios, que avalia apenas a percepção do empresário em relação ao seu próprio empreendimento, levando em consideração os últimos seis meses, também esboçou piora, passando de 33,96 pontos, verificado em fevereiro, para 31,19 pontos em março. A mesma situação ocorreu com o subindicador de condições gerais que diz respeito somente à situação econômica do país, de 21,45 para 20,68 pontos. Os resultados, muito abaixo dos 50 pontos, indicam que na percepção desses empresários, houve piora tanto da economia quanto dos negócios.

O levantamento do SPC Brasil mostra que apenas 9,4% dos micro e pequenos empresários notaram uma melhora em seus negócios nos últimos seis meses. Em relação à economia do país, o percentual é ainda menor: 5,9%.

60% não têm perspectivas de crescimento nas receitas

Mesmo em meio a crise, a expectativa dos micro e pequenos empresários sobre os próximos seis meses de seus negócios apresentou melhora. O Indicador de Expectativas para os negócios passou de 60,80 pontos em fevereiro para 62,19 pontos em março. O resultado mostra que a maior parte dos empresários se diz relativamente confiante com sua empresa. Já o indicador de expectativas com a economia do país ficou em 49,92 pontos, levemente acima do observado em fevereiro, quando estava em 48,11 pontos. Com isso, o Indicador Geral de Expectativas registrou 56,06 pontos, ante os 54,45 pontos do mês anterior.
A maioria dos empresários expressa confiança com relação aos seus negócios (56,25%), mas a proporção diminui quando se considera a conjuntura econômica (40,1%). “Mesmo tendo clareza de que nos últimos meses o ambiente de negócios deteriorou-se, desde o início do ano os micro e pequenos empresários mostram-se mais confiantes”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. “Principalmente quando consideram o seu próprio negócio, onde proprietário tem ingerência e pode promover ajustes para enfrentar a crise”, explica.

Considerando as expectativas sobre o faturamento da empresa nos próximos seis meses, 60,3% dos micro e pequenos empresários não têm perspectivas de que suas receitas cresçam e 35,3% acreditam que o faturamento irá crescer. Entre estes, 29,8% estão buscando novas estratégias de venda e 28,7% estão otimistas.

Para os empresários que acreditam que o faturamento irá cair, a maioria (71,4%) diz que a crise econômica está afetando suas vendas.