Impressionante a ebulição do empreendedorismo social no Brasil. Há uma diversidade incrível de empreendedorismo e empreendedores sociais.

São projetos, movimentos, organizações e empresas, cuja finalidade principal é a de sanar ou minimizar uma necessidade, oferecendo produtos ou serviços para melhorar a vida das pessoas.

Assim, os empreendedores sociais motivam-se, primeiramente, por contribuir com a melhoria e a transformação da vida dos indivíduos e da sociedade.

Este tema (empreendedorismo social) tem despertado o interesse dos jovens brasileiros. O documentário “Quem se Importa” (2012), de Mara Mourão, diretora de cinema brasileira, com empreendedores sociais de diversos países ajuda a disseminar o debate e o interesse.

No GEC (Congresso Global de Empreendedorismo), ocorrido recentemente no Rio de Janeiro, houve um painel de empreendedores empenhados na transformação social. Cito alguns exemplos: Alessandra Orofino, do movimento Meu Rio, e Marcelo Rosenbaum, que trabalha com artesanato brasileiro, pelo movimento AGT (A Gente Transforma), provocando desenvolvimento social e econômico.

E também Edgard Gouveia Jr. que, entre outras iniciativas, teve a ideia de mobilizar as pessoas por meio de um jogo que se torna real – o Oasis – para reconstrução de comunidades após desastres naturais, tecnologia, disseminando em outras partes do mundo.

No mesmo GEC, ocorreu o lançamento de um movimento denominado Tech4Good, reuniu os empreendedores Rodrigo Baggio, do CDI (Comitê para Democratização da InformáticaI) e Oskar Metsavaht, do Instituto-e. A ideia é a de atrair jovens interessados em utilizar a tecnologia para mudar os problemas cotidianos, e assim mudar a vida das pessoas.

Esclareço que, sob o imenso guarda-chuva de empreendedorismo social, há movimentos e organizações não governamentais (associações, fundações etc.), cujo objetivo principal não é o de obtenção de lucro. Logo, eles se mantêm com doação, aporte, suporte e apoio, tanto de pessoas físicas como jurídicas. Compreendem o que se conhece como setor três da economia.

Dados oficiais (pesquisa Fasfil 2010) totalizavam 290,7 mil fundações privadas e associações sem fins lucrativos, com grande concentração nas organizações religiosas (28,5%). Um total de 54,1 mil entidades (18,6%) dedicavam-se à saúde, educação, pesquisa e assistência social (políticas governamentais). Mais as associações patronais e profissionais (15,5%) e de desenvolvimento e defesa de direitos (14,6%).

A maioria dessas ONGs não é empregadora, cumprindo sua missão exclusivamente por meio de voluntariado ou serviços de autônomos. No entanto, 80.700 empregavam 2,1 milhões de pessoas, com expressiva maioria feminina – 63%, apresentando média salarial de R$ 1.489,25; e de R$ 1.980,08 para os homens.

Essas ONGs se caracterizam por ter mão de obra de bom nível educacional – 33% com nível superior, mas pior remunerada (5,8 salários mínimos) do que o total das outras organizações registradas no cadastro geral Cempre.

É um setor importante. Basta lembrar que muitas obras sociais, hospitais, escolas, faculdades, universidades, serviços de representação profissional, gestão de condomínios, etc. aí estão representados.

Outra força nesse cenário é o setor conhecido como 2,5 de negócios sociais. Um precursor importante desse novo conceito foi Muhammad Yunus, que pela fundação de seu banco de microcréditos, em Bangladesh (Índia), nos anos 1970, coloca a possibilidade da intersecção de altruísmo com a maximização do impacto social, ou seja, com resultados financeiros que tornam o negócio sustentável.

No Brasil, temos muitas iniciativas que se voltam à descoberta, apoio e capacitação de empreendedores com projetos inovadores, de serviços ou produtos para a base da pirâmide. É o caso da Artemisia e da Ashoka, as quais trabalham no sentido de apoiar e capacitar pessoas com projetos de amplo impacto social.

Já existe o Prêmio Empreendedor Social, que neste ano também destacará o Empreendedor Social de Futuro. Essa premiação se volta para empreendimentos e empreendedores socioambientais.

No entanto, a experiência demonstra que a capacitação dos empreendedores sociais é necessária para alavancar a qualidade dos projetos.

E está crescendo o interesse dos investidores, os quais estão se organizado melhor. Existem organizações, por exemplo, Potencia Ventures e Vox Capital, que focam a seleção dos melhores negócios sociais, ou seja, o nível de exigência continua subindo.

Outros problemas são o monitoramento e o controle dos resultados das ações e dos investimentos realizados. Já acontecem métricas internacionais de mensuração de impacto, e os empreendedores precisam aprender sobre o sistema Impact Reporting and Investment Standards – Iris.

Portanto, se você possui a motivação para ajudar a transformar a vida das pessoas, a boa notícia é que a rede de apoio cresceu e há oferta de ferramentas e de investimento. Todavia, você e sua equipe necessitam fazer o seu homework para se capacitar, apresentar melhor o seu projeto, profissionalizar a sua gestão e a prestação de contas. Esse é o caminho para ser um empreendimento social bem sucedido.

Fonte: Uol Notícias