Elas ajudam a pagar as contas e tomam as principais decisões dentro de casa, mas nem sempre são tratadas como chefes da família. Trabalham para obter realização pessoal e, ao mesmo tempo, poder pagar as despesas no fim do mês. Definir quais são as características da mulher de hoje é o objetivo da pesquisa “O Perfil das Mulheres Brasileiras”, realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). O estudo indica que, mesmo em meio à atual crise econômica, prevalece uma visão otimista entre as mulheres brasileiras: seis em cada dez entrevistadas (62,0%) estão animadas em relação à realização de projetos de vida em 2016.

A pesquisa também avaliou os interesses de consumo das brasileiras e mostra que reformar a casa e comprar um carro ou moto são os principais desejos dessas mulheres para esse ano, com 30,4% e 24,2% das respostas. Também aparecem na lista um tratamento dentário (22,0%) e cursos ou faculdade (20,1%). Já em relação a 2015, os produtos mais comprados por elas foram o smartphone (42,6%), TV (14,4%), fogão (11,4%) e tablete (11,2%).

De acordo com os dados, são as mulheres que decidem a maioria dos assuntos da família em 45,7% dos lares, ainda que o maior salário não seja o delas. Produtos como roupas, artigos para casa, produtos de higiene, limpeza, artigos para os filhos, eletrônicos, alimentos e até mesmo as roupas dos cônjuges são decididos, em sua maioria, pelas mulheres.

Empresas do segmento de saúde e bebidas paradas no tempo
Uma vez que as mulheres têm um grande poder de decisão nas famílias e têm cada vez mais aumentado sua participação no mercado em todos os setores – trabalho, consumo e ambiente social – as empresas deveriam saber com dialogar com elas e reconhecer oportunidades de mercado para esse público-alvo.

Porém, a pesquisa mostra que alguns segmentos não estão conseguindo atingir esse objetivo. Os setores de serviços financeiros, bebidas e saúde foram avaliados como ‘parados no tempo’ em relação a atender as necessidades e os desejos femininos. “Embora se tenha observado a importância das mulheres para as empresas do varejo em uma infinidade de decisões importantes para o andamento da vida familiar, alguns segmentos estão ficando para trás”, diz a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. Por outro lado, os segmentos de beleza, moda e eletrônicos foram os que mais evoluíram nesse quesito e estão entre os que mais satisfazem as mulheres.

“Esse é um importante gancho para que as empresas possam entender o que as consumidoras brasileiras gostam e procuram”, explica Kawauti. “Identificar seu público alvo e entender o universo feminino são possíveis estratégias para os empresários conseguirem atender seus consumidores e aumentarem suas vendas”, indica. “Ter um olhar atento às demandas das mulheres pode ajudar a fidelizar e atrair novos clientes.”

Outro aspecto pesquisado pelo SPC Brasil é o que as empresas e marcas devem fazer para conquistar o público feminino e ganhar sua admiração. A principal resposta é ter honestidade e cumprir o que promete em sua comunicação (47,0%). Também são mencionadas as vantagens oferecidas às consumidoras fieis (12,3%) e a entrega no prazo (11,4%).

Por outro lado, o aumento no preço do produto seria o principal responsável (54,0%) por fazer as mulheres trocarem a marca que usam sempre, ao lado da piora na qualidade (53,4%) e da propaganda enganosa (28,6%).

Quem são e como pensam as mulheres brasileiras?
Além dos interesses e influências das mulheres no mercado de consumo, a pesquisa procurou entender quem são e como pensam as brasileiras. Mais do que comprar produtos e ter aspirações profissionais, para as mulheres entrevistadas o que realmente importa na vida e no momento atual é ter saúde, estabilidade financeira e qualidade de vida.

As principais fontes de satisfação das entrevistadas são os filhos (47,9%), viajar (33,1%), os animais de estimação (27,9%) e fazer compras (26,3%). Já as fontes de stress são a falta de dinheiro (63,7%), a aparência física (34,4%) e dívidas pendentes (28,1%). Nestes momentos de stress, a meditação ou oração (46,0%) é a atitude mais comum usada como compensação para se sentir melhor, seguida pela comida (24,9%) e fazer compras (22,0%).

A pesquisa do SPC Brasil entrevistou mulheres acima de 18 anos e representantes de todas as regiões e estratos sociais. Considerando as características levantadas, 44% das entrevistadas têm entre 25 e 44 anos, mais da metade (56%) são casadas ou têm união estável e 78% pertencem às classes C, D ou E. Cerca de 78% residem no interior dos estados e 22% nas capitais.

Confira o perfil da mulher brasileira:
66,1% das entrevistadas têm filhos e se sentem realizadas com este papel;
A principal motivação para as mulheres que trabalham é conseguir pagar as despesas da família (50,3%), pois sem o salário delas isso não seria possível;
56,0% das entrevistadas ganham no máximo até dois salários mínimos por mês e o rendimento médio é de R$ 1.746,00, sendo que 60% deste rendimento são gastos com contas e despesas familiares. Para 26,7% não há sobra de dinheiro para gastos pessoais;
Entre as mulheres que não trabalham, o principal motivo é a falta de emprego (36,4%), dificuldade vivenciada principalmente entre as mulheres das classes C, D e E, não casadas e que residem no interior. Em segundo lugar o motivo é a decisão de cuidar dos filhos (11%);
25,9% das mulheres das classes A e B não trabalham porque o marido prefere assim;
As mulheres percebem a si mesmas principalmente como batalhadoras e alegres e 68% se sentem felizes e satisfeitas com a vida;
Quando argumentadas sobre as inspirações e modelos de mulheres que têm, a mãe é a principal referência para 70% das mulheres entrevistadas, além de outras parentes próximas (30%) e amigas (22%). De forma geral, pode-se concluir que as mulheres reais, próximas e que compartilham o cotidiano são as grandes inspirações e não necessariamente aquelas que estão na mídia, independente da função que exercem.