No calendário do varejo mundial empresários e especialistas do setor esperam a realização do Big Show da NRF (National Retail Federation), que ocorre há mais de 100 anos, sempre em janeiro, na cidade de Nova Iorque, para consolidar suas estratégias de acordo com as principais tendências e reflexões apresentadas no evento.

Além das 175 palestras concentradas em 3 dias de programação, o evento conta com uma grande feira com mais de 1.000 expositores de produtos e serviços voltados ao varejo. Mais de 40 mil pessoas, vindas de mais de 100 países, estiveram diretamente envolvidas em discussões e análises a respeito dos novos hábitos de consumo e inovações tecnológicas.

No entanto, aos poucos, um outro momento vem ganhando relevância dentro do contexto deste grande evento do varejo mundial. Uma reunião com pouco mais de 60 pessoas, que ocorre sempre na véspera da abertura do evento principal, tem conseguido reunir no mesmo ambiente, líderes de associações nacionais que representam o varejo de mais de 40 países. Trata-se do encontro anual da FIRA (Federação Internacional das Associações de Varejo), uma entidade que tem conseguido organizar discussões valiosas sobre o setor de comércio e serviços do ponto de vista institucional, com um olhar voltado ao ambiente de negócios global.

A pauta do encontro deste ano incluiu uma apresentação realizada pelo presidente da FIRA e também presidente da FCD (Associação Francesa de Varejo e Distribuição), Jacques Creyssel, na qual consolidou os resultados de uma pesquisa que identificou as principais expectativas macroeconômicas e sociais das entidades nacionais a respeito do comércio mundial em 2024. Inflação, juros, recessão, polarização política, barreiras alfandegárias e conflitos entre nações são os tópicos que mais preocupam os líderes presentes.

As características do novo varejo chinês, o panorama do varejo europeu e os impactos da adoção da inteligência artificial no varejo foram outros temas discutidos. O objetivo principal é compartilhar experiências, cases de sucesso e boas práticas na representatividade institucional do setor, além de alinhar estratégias para estímulo do comércio global com base nos princípios de ESG (sustentabilidade ambiental, social e governança corporativa) e nas premissas da livre concorrência.

E nesse ambiente crítico, produtivo, multicultural e altamente qualificado o Brasil tem sido muito bem representado por líderes de entidades como a CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), cujo presidente – José Cesar da Costa – acompanha de perto o importante trabalho desenvolvido pela FIRA e contribui com dados sobre o setor de comércio e serviços no Brasil, em parceria com as demais entidades nacionais que fazem parte desse seleto grupo que representa o varejo mundial: ABF (Associação Brasileira de Franquias), ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico), Afrac (Associação Brasileira de Tecnologia para o Comércio), SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo) e o IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo).

A representatividade setorial promovida pelas entidades que atuam na construção de um ambiente regulatório positivo para as empresas de varejo em seus países talvez seja tão importante quanto a abordagem empresarial, estratégica, operacional e pragmática que é apresentada nas palestras e na feira. De toda forma, não há dúvida de que o ano novo dos varejistas só começa depois de conferir tudo o que aconteceu em Nova Iorque durante a NRF.

Por Daniel Sakamoto
Gerente Executivo da CNDL