Trata-se de um grito de alerta aos que sonham apenas com os eventuais acertos, ganhos, restaurantes, carrões, viagens internacionais e roupas de marca que eventualmente resultariam como subproduto de um novo negócio.

Afinal, é o que percebemos nas histórias de sucesso que são divulgadas à exaustão na literatura que se intitula de “estratégia empresarial”. Parece que detalhar as dificuldades que são parte necessária do cotidiano dos empreendedores desbravadores não faz parte desse tipo de literatura.

E a paciência, então, muitas vezes nem sequer é lembrada. Daí a importância do grito de alerta de Bragovis.

O estoque enorme de paciência para o qual Bragovis chama a atenção é absolutamente necessário para nos ajudar a aprender e apreender a plenitude de nossos negócios. A não nos impressionar com as boas fases e a não entrar em pânico nas dificuldades, que serão muitas e imensas.

Por mais que entendamos nosso ramo de negócio, por mais que tenhamos acesso a capital, por mais ajuda que consigamos de profissionais experientes no mercado, em última instância, a responsabilidade final da nova empresa é nossa. E se não tivermos paciência, podemos colocar tudo a perder.

E haja paciência para gerenciar egos e talentos, se tivermos a sorte grande de contar com excelentes profissionais para nos ajudar. E mais paciência ainda para ajustar as mais variadas estratégias, resultantes do calidoscópio de sugestões e à autonomia gerencial, que os grandes talentos costumam nos impor.

Por puro hábito, por pura inércia e que esperam, com razão, que sejamos capazes de agradecer. E até incentivá-los, financeiramente, mesmo antes de o ganho se concretizar.

Mas na melhor das hipóteses, ou seja, termos acesso a investimento e a capital intelectual não evitam a receita gerencial de desandar. E o prejuízo acaba batendo em nossos bolsos e contas pessoais, consumindo reservas familiares, inclusive.

Agora quer exercitar mesmo sua paciência, se jogue na construção de uma nova empresa contando apenas com os talentos medianos disponíveis no mercado. Gente de boa índole, que quer mesmo nos ajudar. Mas que nem sempre estão ainda preparados para agregar, sem vícios, o melhor de si ao nosso empreendimento.

E que exigirão paciência para treinamento, para dividir seus problemas pessoais e familiares, para animá-los quando o próprio empreendedor estiver no limite de suas energias.

E de novo, quando numa situação ou outra, formos atropelados pelas dívidas, haja paciência para renegociar as várias e legítimas interferências de amigos e parentes.

De gente que nos ama e respeita, a ponto de ter nos emprestado parte de nosso capital, mas que não tem a mínima obrigação de ter a mesma paciência que adotamos para realimentar nosso novo negócio, nas 24 horas do dia.

Mas é da paciência que emergirá o empreendedor que sobreviverá ao tsunami de percalços e dificuldades. Todas inevitáveis e de presença garantida na história de quaisquer empresas.

Uma paciência que nos ajuda a agregar têmpera à empresa e a confirmar para nossos clientes a fé inabalável em atender bem. A ponto de estarmos dispostos, como o leitor nos ensina, a “morrer” para fazer a coisa sempre certa.

Uma energia que se reproduz a partir da nossa paciência e determinação, mas que só nos garantirá uma empresa sobrevivente caso nos mantenhamos antenados com as sofisticadas exigências dos nossos consumidores por serviços excelentes e mercadorias de altíssima qualidade.

Clientes que nos impõem sem dó nem piedade sua crítica, (que Bragovis chama de “engolir sapos”), mas que, com os anos, se transformam em nossos principais apoiadores e que nos respeitarão como empresários se mantermos nosso carisma ao longo das 24 horas diárias e a disposição de fazer a coisa sempre certa.

Fonte: Uol Notícias