Chegamos à metade do ano com uma agenda intensa de trabalhos em Brasília e em todo o país na defesa dos interesses do varejo nacional. Comemoramos a assinatura da Medida Provisória da Liberdade Econômica, que consideramos um primeiro passo para a desburocratização que promoverá melhorias no ambiente de negócios e contribuirá para a retomada da atividade econômica e a geração de empregos. O texto vai ao encontro da missão da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), de fortalecer a livre-iniciativa, e facilita os processos para quem quer empreender.

Temos reforçado o contato com os Poderes Executivo e Legislativo, acompanhamos de perto e contribuímos efetivamente com as iniciativas das Frentes Parlamentares do Comércio, Serviços e Empreendedorismo e da Micro e Pequena Empresa e dos Fóruns de Competitividade do Varejo e Permanente das Micro e Pequenas Empresas, ambos ligados ao Ministério da Economia.

O convênio Políticas Públicas 4.0, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), segue percorrendo o Brasil e já passou por dez capitais. A primeira pesquisa prevista no escopo do programa repercutiu na imprensa nacional ao apresentar uma leitura inédita sobre os hábitos financeiros e de consumo dos jovens com idades entre 18 e 24 anos, que fazem parte da chamada geração Z.

Trata-se de uma geração que nasce conectada, tem acesso a grandes quantidades de informação, recursos tecnológicos e propensão ao autoaprendizado, mas é tradicional quando controla as finanças e investe seu dinheiro. A maior parte já está no mercado de trabalho e contribui financeiramente em casa. No entanto, quase metade não controla as finanças e, entre os que o fazem, o uso do velho bloquinho de anotações é predominante. O dado chama atenção, porque os nascidos nessa geração são considerados os primeiros nativos digitais e têm à disposição uma vasta oferta de aplicativos e ferramentas tecnológicas para gestão de finanças.

Outra informação que nos surpreendeu foi a opção deles por investimentos pouco ou nada rentáveis quando economizam: mais da metade guarda os valores na poupança, parte conserva o dinheiro em casa e parte mantém na conta-corrente. Como consequência do imediatismo natural nessa idade, não se preparam para a aposentadoria – somente um em cada quatro planeja o futuro – e cedem aos impulsos quando se trata de consumo – perdem o controle em gastos com lazer e desembolsam quantias para adquirir itens que os amigos têm.

Quatro em cada dez já estiveram com o nome negativado, o que mostra que precisam aprender a evitar gastos excessivos desde cedo, para que não se tornem hábitos prejudiciais à saúde financeira. Ao mesmo tempo, são necessárias propostas práticas para incentivar comportamentos adequados e controle nas decisões de gastos, como, por exemplo, a reserva automática de parte dos ganhos e a adesão automática a planos de previdência nas empresas e para empreendedores.

Esses dados são muito importantes para que, como principal entidade representativa do varejo nacional, possamos conhecer melhor esse grupo, que promete ser a próxima grande força indutora do consumo e já toma parte em muitas das decisões de compra de suas famílias.

Fica evidente, ainda, que a implantação de políticas públicas de conscientização dos jovens e de incentivo à educação financeira é essencial para evitar problemas no futuro. Para isso, vale aproveitar as vantagens a favor desses indivíduos: têm enorme familiaridade com a tecnologia e o pensamento lógico, fluidez ao transitar entre os ambientes físico e on-line, aptidão para compreender novas formas de interação social mediadas pelos aplicativos e ferramentas on-line e colocar ideias novas em prática.

Para a sustentabilidade do varejo, é fundamental ter consumidores conscientes de seu poder de compra e capacidade de pagamento e que conheçam ferramentas de controle das finanças para garantir a saúde financeira no presente e tranquilidade no futuro.

José César da Costa

Presidente da CNDL