As vendas no varejo brasileiro desaceleraram a alta a 0,4 por cento em setembro, na comparação com o mês anterior, com pior desempenho em importantes atividades e que corroboram o fraco momento da economia brasileira.

Na comparação com um ano antes, as vendas avançaram 0,5 por cento, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira. Em agosto, as vendas haviam subido 1,2 por cento na comparação mensal e recuado 1 por cento na anual, em números revisados.

Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa era de que as vendas subissem 0,40 por cento em setembro na base mensal e 0,70 por cento na anual.

“Não dá para falar ainda em recuperação. São dois meses de alta depois de duas quedas fortes”, afirmou a coordenadora da pesquisa, Juliana Paiva.

No trimestre, as vendas tiveram queda de 0,4 em relação ao segundo trimestre, que já havia recuado 0,9 por cento.

O IBGE informou que o volume de vendas em quatro das oito atividades pesquisadas no varejo restrito subiram em setembro na comparação mensal, mesmo com menos intensidade, com destaque para os segmentos de móveis e eletrodomésticos (1,8 por cento, ante 1,9 por cento em agosto) e combustíveis e lubrificantes (0,7 por cento, sobre 1,7 por cento).

Na ponta oposta, importantes categorias de uso mostraram retração, como hipermercados e supermercados (-0,3 por cento, ante alta de 0,1 por cento)

O IBGE informou ainda que a receita nominal do varejo teve alta de 0,70 por cento em setembro sobre o mês anterior, com avanço de 6,9 por cento na base anual.

Já o volume de vendas no varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, subiu 0,5 por cento em setembro sobre o mês anterior, impulsionado por material de construção. Em agosto, na base mensal, o comércio varejista ampliado havia recuado 0,4 por cento.

A fraqueza das vendas no varejo foi um dos fatores que levaram o país a entrar em recessão técnica no primeiro semestre. Economistas consultados na pesquisa Focus do Banco Central veem crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de apenas 0,20 por cento neste ano, bem abaixo dos 2,5 por cento vistos em 2013.

As expectativas não deram sinais de melhora. Em outubro, o Índice de Confiança do Comércio medido pela Fundação Getulio Vargas acelerou a queda a 10,3 por cento na média do trimestre encerrado no mês passado. No resultado anterior, sobre o período de três meses encerrados em setembro, o indicador teve queda de 8,7 por cento.

Além da atividade fraca, começará a pesar ainda mais o custo dos empréstimo, já que o BC iniciou no mês passado mais um ciclo de aperto monetário ao elevar a Selic a 11,25 por cento ao ano.