Um dos temas mais discutidos no mundo corporativo, a liderança já foi abordada em diversos modelos, teorias, guias, formas e fórmulas, que estão disponíveis para quem quiser aprender um pouco mais sobre o assunto. Entretanto, fala-se muito sobre como ser um líder mais efetivo sem antes explicar o que de fato é a liderança, e a verdade é que não há nenhum consenso sobre a definição da palavra.

Segundo o holandês Erik de Haan, liderança é “um ato destinado a aprimorar a efetividade de uma organização” – sim, um ato e não uma posição ou cargo. Apesar de a ação estar, historicamente, ligada ao poder para exercê-la (o famoso, mas desatualizado: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”), hoje, este papel evoluiu muito.

Ao olhar para a liderança como um ato e não como uma conquista, ele se torna muito mais ligado ao contexto e ao objetivo organizacional do que ao poder por si só. Nesse contexto, liderar se torna uma função, o que vem trazendo algumas mudanças importantes no mundo corporativo. Abaixo, as três condutas mais adotadas e com melhores resultados, de acordo com o consultor em desenvolvimento organizacional Paulo Aziz Nader:

1. Mais espaço para lideranças emergirem

Organizações mais efetivas fomentam o “aparecimento” de novas lideranças contextuais. Elas entendem que o papel do líder pode ser dividido de acordo com contextos e objetivos específicos e incentivam isto. Não há anarquia, nem falta de direção executiva. O que acontece é que a função da liderança é redistribuída, assim como a responsabilidade atrelada à ela. Alguns modelos organizacionais derivados deste pensamento – como a holocracia – sugerem inclusive o desaparecimento completo de uma hierarquia fixa. Infelizmente, este ainda é um modelo utópico e pouco utilizável no muitas vezes imaturo contexto brasileiro, o que não significa que algumas partes não possam ser adaptadas e utilizadas com bastante eficiência em casos específicos.

2. Foco na liderança adaptativa

“Fundada” em Harvard pelo professor Ronald Heifetz e cada vez mais utilizada pelas empresas que compõem o Fortune 500, esta corrente oferece uma visão mais livre ao ato de liderar. Resumidamente, a ideia consiste em abordar a tomada de decisões (uma das principais razões para a existência da liderança) de maneira reflexiva, de fato abrindo espaço para o pensamento “fora da caixa”. Ao invés de assumir que há uma resposta clara e direta para um determinado problema, o líder adota uma postura exploratória e reflexiva de todos os possíveis caminhos em cada contexto. Isto permite que melhores decisões sejam tomadas, além de impactar diretamente a eficiência da aplicação do que foi decidido. Obviamente, este modelo não funciona para todos os momentos (afinal, algumas questões devem ser tratadas de maneira técnica), mas ele tem se mostrado extremamente efetivo e lucrativo para questões complexas e desafiadoras.

3. Executivos de alto escalão mais ativos no desenvolvimento individual e organizacional

Foi-se a época em que os executivos não se envolviam nos programas de desenvolvimento das suas equipes. As transformações na função de liderança exigiram que líderes de altíssimo nível entrassem em contato com as suas vulnerabilidades e as compartilhassem com suas organizações. Obviamente, isto não significa que o executivo deva abrir mão da sua posição de direcionamento da organização, e, muito menos, usar seus colaboradores como um grupo de apoio. O que se tornou necessário é que estes lideres assumam suas reponsabilidades de desenvolvimento pessoal junto com seus times. Mostrando humildade e valorização do time, tal ato inspira a organização a fazer o mesmo. Além disso, a verdade é que a probabilidade de uma equipe já conhecer os pontos fracos do seu líder é altíssima, ou seja, a sua exposição vai ser muito menor do que ele imagina (e teme). Logo, falar abertamente sobre isso demonstra que o executivo respeita os seus colaboradores e trabalha – de fato – para tornar a sua organização, na qual ele está incluso, mais efetiva.