O Índice de Preços ao Produtor subiu 1,33 por cento em junho, ante 0,24 por cento em maio, na alta mais forte desde maio do ano passado, com forte impacto dos alimentos e em meio à valorização recente do dólar.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revisou nesta quarta-feira o dado de maio deste ano depois de anunciar anteriormente alta de 0,28 por cento. Em maio do ano passado, o IPP subiu 1,69 por cento.

Em junho, 19 das 23 atividades pesquisadas apresentaram alta de preços na comparação com o mês anterior, contra 17 em maio. As maiores variações positivas na comparação mensal foram registradas em fumo (4,73 por cento), papel e celulose (4,40 por cento), outros equipamentos de transporte (4,11 por cento) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (2,99 por cento).

De acordo com o IBGE, em todos esses destaques houve efeito da valorização da moeda norte-americana, que acumulou em junho alta de 4,17 por cento ante o real. “O dólar teve uma presença espalhada no IPP de junho”, disse o pesquisador do IBGE Manuel Campos Souza Neto.

“Boa parte do fumo processado é exportado, a celulose também é dolarizada e equipamento de transportes tem muita exportação. Já equipamento de informática depende de componentes importados”, detalhou o pesquisador.

ALIMENTOS

Mas o maior impacto sobre o índice veio dos produtos alimentícios, que subiram 2,35 por cento no mês, a maior variação desde julho de 2012, quando foi de 3,10 por cento. O impacto foi de 0,45 ponto percentual.

Até então, os alimentos, que pesam cerca de 20 por cento no IPP, vinham segurando a alta do índice devido aos efeitos da safra recorde prevista para este ano. Mas o segmento foi influenciado pela alta do dólar e pela maior exportação de farelo de soja e carnes, segundo o IBGE.

“Com o dólar mais alto, os produtores brasileiros aproveitam para vender mais lá fora. Houve ainda o efeito da maior demanda de farelo de soja brasileiro por parte dos Estados Unidos”, explicou Souza Neto.

Outros impactos importantes para a alta do IPP vieram de outros produtos químicos (0,22 ponto percentual), papel e celulose (0,15 ponto) e metalurgia (0,13 ponto).

Já no acumulado em 12 meses até junho, o IPP subiu 4,25 por cento, com destaque para papel e celulose (10,12 por cento), fumo (9,27 por cento), borracha e plástico (7,24 por cento) e bebidas (5,66 por cento).

Os principais impactos de alta vieram de alimentos (0,81 ponto percentual), refino de petróleo e produtos de álcool (0,58 ponto), outros produtos químicos (0,55 ponto) e papel e celulose (0,33 ponto).

O IPP mede os preços “na porta das fábricas” e não inclui os custos com frete e impostos que influenciam os preços ao consumidor.

Com a ajuda de Transportes –após a revogação do aumento das tarifas do transporte público em várias capitais– e Alimentação, os preços ao consumidor perderam força em julho, quando o IPCA-15 desacelerou a alta para 0,07 por cento, voltando a ficar abaixo do teto da meta do governo.

Entretanto, o nível elevado da inflação ajudou a abalar a confiança do consumidor, que atingiu em julho o menor nível desde maio de 2009.

Em sua última reunião, o Comitê de Política Monetária do Banco Central elevou a taxa básica de juro Selic em 0,5 ponto, para 8,50 por cento. Na ata do encontro, o BC deixou claro que manterá o atual ritmo de aperto monetário para fazer a inflação declinar até 2014.

Fonte: Globo.com