Pertencer à classe C, ser autônomo, ter gasto fixo com aluguel e possuir baixa escolaridade são algumas das características dos consumidores inadimplentes. À primeira vista, parece óbvio que cidadãos com maior renda terão menos dívidas, mas não é bem assim. Junto aos membros da classe A, os pertencentes à classe D compõem um perfil com menos dívidas. Ser funcionário público e estar empregado há mais de cinco anos são atributos relacionados a quem mantém as contas em dia. Esse é o resultado da pesquisa que o SPC Brasil encomendou para traçar o perfi l de quem tem e quem não tem dívidas em atraso.

O levantamento revela que 47% dos devedores estão entre os consumidores da classe C. “É natural que a inadimplência esteja focada nos extratos médios da sociedade, considerando que esses brasileiros passaram a ter acesso a crédito barato e desburocratizado em um passado muito recente, sem saber como utilizá-lo de maneira planejada”, avalia Flávio Borges, gerente financeiro do SPC Brasil.

Os dados do estudo, que ouviu 1.238 pessoas das 27 capitais brasileiras, também mostram a importância do fator moradia. Dos entrevistados com as contas em dia, só 22% pagam aluguel, enquanto para quem está com dívidas esse número sobe para 33%. Outro fator de diferenciação diz respeito ao nível de escolaridade: a parcela dos adimplentes com nível superior é de 27%, enquanto que o nível dos inadimplentes com diploma universitário cai para 16%.

Além do perfil traçado, a pesquisa traz dados sobre a consciência do consumidor quanto ao débito. Quando perguntados se a dívida adquirida poderia ter sido evitada, quase metade (46%) respondeu que sim. A maioria (66%) afi rmou que “deveria ter controlado os impulsos e ter resistido mais” e 32% admitiram que não estariam inadimplentes se “tivessem feito planejamento fi nanceiro, controlando o orçamento sem gastar mais do que recebem”.

Outro aspecto destacado pela pesquisa é a mudança de comportamento das instituições fi nanceiras. Antes inflexíveis, hoje os bancos estão dispostos a negociar, independentemente do perfil do correntista. Encarar o gerente de frente e negociar é uma saída que tem mostrado excelentes resultados, permitindo que oito em cada dez inadimplentes consigam quitar suas dívidas.

Fonte: SPC Brasil