Sempre que a inflação ameaça mostrar a sua face provocando desconfiança na sociedade, o governo se vale de uma receita que, acredita, pode ser a solução definitiva para o problema: o aumento dos juros. No entanto, o que se vê é que, mesmo controlando momentaneamente o indesejável retorno de uma inflação, o aumento dos juros provoca desaquecimento da atividade econômica.

E o comércio é um dos setores que mais sente os efeitos do amargo remédio. Os índices divulgados pelo setor de automóveis, supermercados, varejo, transporte, emprego e expansão do crédito mostram isso, evidenciando o fim de um ciclo baseado no consumo.

Os esforços do governo em conceder subsídios ou reduzir a alíquota de impostos, como foi o caso do IPI para certos produtos, são transitórios e não resolvem toda a questão. Devemos levar em conta outros fatores determinantes que impedem nosso crescimento, como é o caso da alta do dólar, o aumento do endividamento das famílias, as manifestações públicas e o déficit da balança comercial que de janeiro a julho deste ano acumulou déficit de US$ 4,989 bilhões. Esses fatores não são animadores, pois o crescimento do PIB que teve um índice de 2,7% em 2011, 0,9% em 2012, deve chegar a cerca de 2% em 2013, perdendo para a inflação.

E o governo, incapaz de controlar os gastos e reduzir a máquina pública, entra no círculo vicioso do aumento da taxa básica de juros. Some-se a esse cenário uma reforma tributária e política que não sai do papel, deixando a população cada vez mais frustrada. Enquanto isso, os investimentos em infraestrutura, estradas, portos e aeroportos seguem em ritmo lento. Estamos vivendo o fim de um ciclo, tornando urgente a necessidade de novos e claros rumos para a economia.

Os esforços do governo em conceder subsídios ou reduzir os impostos, como foi o caso do IPI, são transitórios e não resolvem toda a questão.

 * Roque Pellizzaro Junior - Presidente da CNDL