Passado o Carnaval, o mês de março chegou e agora o ano começa de verdade. Se neste momento você fosse dar uma olhada nas manchetes do ano passado, poderia pensar que o mundo do varejo estava à beira de um colapso. Mas apesar dessa impressão, o “apocalipse varejista” passou bem longe. Enquanto 2017 revelou falhas nas estratégias de marketing para marcas e lojistas, o ressurgimento do varejo como tema de fim de ano não poderia ser mais real.

À medida que as empresas se apressam para entender e se conectar com o consumidor omnichannel de hoje, dados em larga escala ocupam o centro das atenções como um recurso principal. Com a crescente ênfase nas inovações, experiências e colaboração de dados offline, oito tendências despontam como as principais para o comércio em 2018:

A batalha pelo vídeo

Continuaremos vendo o impacto da revolução do cord-cutting, conduzida por aqueles que nunca consumiram ou que deixaram de assinar os serviços de TV paga. Ao mesmo tempo, veremos o aumento das transmissões de conteúdo multimídia. O tempo gasto pelo consumidor no ambiente online vendo vídeos deve crescer constantemente, forçando anunciantes, publishers e empresas de mídia a se reorganizarem e aumentarem o foco no segmento e em suas diversas formas, como anúncios in-feed, post-rolls, bumper, entre outros.

Ascensão das compras por voz

Com a popularização de dispositivos como o Google Home e o Echo da Amazon, o mercado de alto-falantes inteligentes continuará crescendo. O Global Market Insights prevê que mais de 100 milhões de unidades serão vendidas até 2024 e os usuários devem passar a comprar mais por voz utilizando os aparelhos. Já o estudo Trade Marketing in Transition, da Criteo, mostra que executivos de marketing acreditam que os dispositivos ativados por voz e os assistentes pessoais serão a tecnologia com a qual eles mais devem trabalhar dentro de dois anos.

O grande foco nessa modalidade de compras abrirá caminho para anúncios de voz contextuais que irão personalizar recomendações e conteúdo. Da mesma forma, a disponibilidade de dados ricos sobre interesses e preferências dos consumidores permitirá que os smart speakers ofereçam serviços existentes, novos produtos e serviços adicionais relevantes.

Redes sociais e comércio cada vez mais interligados

As linhas divisórias entre comércio e social devem continuar diminuindo. Várias redes sociais estão ampliando a noção de social-commerce, ao criar suas próprias plataformas de comércio eletrônico. Serviços como o Marketplace do Facebook e o Spark da Amazon visam facilitar a compra em potencial. O impacto, no entanto, consiste na prevalência de muros em torno dos dados dos usuários, o que traz a necessidade de marcas e varejistas encontrarem formas de deter a relação com o cliente e controlar melhor o fluxo de informações entre plataformas e consumidores.

A jornada do consumidor: do offline para o online

O acesso a uma maior escala de dados, coletados em ambientes físicos e digitais, será necessário para unir informações de campanha e do público. Os varejistas darão ênfase a parcerias que os ajudem a alavancar seus dados de CRM para atender e reengajar compradores online no momento certo e com o conteúdo personalizado mais forte, a fim de impulsionar a ação de comprar. Além disso, os principais varejistas continuarão a oferecer melhores maneiras para que consumidores retirem nas lojas físicas os produtos comprados online. Opções como estacionamentos dedicados e armários nas lojas devem ganhar força.

Colaboração como palavra-chave

Os muros criados em torno dos dados dos consumidores são verdadeiras preocupações para marcas e varejistas e encontrar maneiras para que eles se mantenham competitivos e inovadores é fundamental. O estudo The Commerce Data Opportunity, da Criteo, revela que três quintos das marcas e dos varejistas já fazem parte de uma iniciativa de colaboração de dados e estão contribuindo com informações para se conectarem melhor aos consumidores. Em 2018, eles continuarão a agrupar esses recursos para personalizar conteúdo, aumentar lucros e criar melhores relacionamentos com os clientes.

Otimização do feed de produtos

Os anunciantes vão procurar maneiras de agilizar o gerenciamento de ativos do feed de produtos, incluindo descrições e imagens. Fotos contextualizadas, close-ups de alta resolução, imagens de 360 graus e outros detalhes vão se tornar cruciais para dar aos compradores a melhor experiência online. Com o aperfeiçoamento das formas de exibição e a melhoria na experiência do usuário em sites e aplicativos, as marcas e os varejistas devem se beneficiar com melhores taxas de conversão.

O impacto do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados

O Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados, ou GDPR, entrará em vigor na União Europeia em 25 de maio de 2018, afetando varejistas e empresas em escala global. Cumprir o GDPR significa que os comerciantes precisarão administrar suas informações de audiência mais cuidadosamente. O gerenciamento de dados como um todo se tornará mais importante do que nunca, já que os anunciantes trabalham para correlacionar informações de produtos de marcas e varejistas, ao mesmo tempo em que integram dados comerciais com conteúdo gerado pelo usuário.

Mais aquisições e parcerias

Grandes aquisições e parcerias ocorreram nos últimos seis meses: Amazon e Whole Foods, Amazon e Kohl’s, Walmart e o serviço Express do Google. Em 2018, muitos outros varejistas e marcas buscarão aquisições e parcerias estratégicas para se manterem competitivos, expandir e fortalecer suas operações. Muitas transações devem ser fechadas com o intuito de unir os mundos online e offline, gerando mais valor para os negócios. Na corrida para competir com a Amazon, muitos varejistas entendem que a discussão não é sobre “construir”, trata-se de “comprar”.

Campo de jogo nivelado

No mundo omnichannel de hoje, as empresas precisam criar experiências personalizadas e relevantes a fim de se destacarem e fidelizarem usuários, tanto no ambiente online como no offline. Isso significa que é necessário ter acesso a mais dados e tecnologia inteligente para agregar todas as informações a serem utilizadas. Com poucas exceções, os varejistas e as marcas não conseguem obter isso por conta própria, de modo que trabalhar em um ecossistema confiável cria condições equitativas. Em 2018, veremos um ecossistema de comércio próspero para as empresas que inovam no uso de dados. Pode haver perdedores, mas certamente haverá mais de um vencedor.

Alessander Firmino — Diretor da Criteo para o Brasil e América Latina