O corte de quase R$ 70 bilhões nos gastos do governo federal ainda é tema de discussão. Assim, a retração de 0,2% no PIB do primeiro trimestre é só um prenúncio do que virá. Empresas realizam cortes e o farão por mais tempo. Esses ajustes, porém, tradicionalmente, são feitos às pressas, sem planejamento e resultam em perda de desempenho quando ele é mais fundamental.

Cortes serão necessários, mas não podem comprometer a perenidade da organização. Nossa abertura comercial, iniciada em 1990, é recente, o que faz com que conceitos como ganhos de produtividade e eficiência sejam ainda largamente ignorados. A conjuntura, no entanto, requer competitividade.

Equipes experientes podem, sob novas estratégias, produzir mais com custo menor; No comercial, encontrar clientes e segmentos menos afetados. Mas, numa análise simplista, produção e vendas concentram os gastos. O primeiro, com mão de obra, matérias-primas, estoques, insumos e outros. Já a equipe de vendas, além de cara, realiza ações cuja efetividade é de difícil mensuração.
Então, o departamento financeiro aponta cifras ou percentuais a serem eliminados pelos outros departamentos, dos quais desconhecem a operação. O resultado é perda de qualidade (apoiada na crença de que o cliente nada perceberá), eficiência (que, com os treinamentos necessários, elevarão os custos) e relacionamentos com clientes, conquistados pelo comercial ao longo de anos.

A opção por um bem ou serviço também não deve observar apenas os desembolsos com aquisição e financiamento. Um conceito novo é o levantamento do custo total de propriedade. Além das óbvias, contempla todas as variáveis imagináveis e seus impactos financeiros no longo prazo: treinamentos, manutenção, vida útil, período em que se desfrutará de diferenciais tecnológicos, insumos, espaço físico etc. Desenvolvida por Michael Porter, a “Estratégia da Liderança em Custo Total” busca uma redução contínua de gastos sem sacrifício da qualidade. Se não previstos, custos acabarão repassados aos clientes e comprometerão a competitividade e, consequentemente, a sustentabilidade do negócio.