O empresário Leonardo Marques, 42, conta que errou tudo o que podia quando abriu seu restaurante, em 2006.

“Escolhi um lugar muito ruim, criei um cardápio enorme com coisas que ninguém pedia e não sabia gerenciar meus funcionários. Tive 11 ações trabalhistas.”

O resultado: a empresa faliu em um ano.

Muitas pequenas empresas brasileiras tem resultado semelhante. De acordo com o índice de sobrevivência de empresas, divulgado pelo Sebrae, 24,4% delas não passam do segundo ano de vida.

O índice de falência e recuperação indica que foram 1.758 os pedidos de falência no Brasil em 2013. Destes, 1.014 (58%) foram de micro e pequenas empresas.

Entre os principais motivos para a falência estão a falta de planejamento financeiro, de avaliação do mercado e de conhecimento da concorrência segundo o professor da FGV Batista Gigliotti.

Ele recomenda que os empresários tenham sempre recursos reservados para emergências, especialmente nos primeiros meses:

“No primeiro mês, até você ter divulgação e formar uma clientela, não consegue vender tudo o que pode. Você tem um buraco no caixa previsível, mas muita gente não considera isso.”

Segundo o consultor do Sebrae João Carlos Natal, o momento de fechar as portas é quando os bens particulares do empresário ficam comprometidos por causa de dívidas da empresa.

Para evitar que isso aconteça, ele sugere que se faça uma análise do fluxo de caixa, ou seja, qual a previsão de recebimento em cada mês do ano.

A partir daí, é possível fazer uma renegociação dos empréstimos de acordo com a capacidade de pagamento da empresa, diz.

RECOMEÇO

Marques, tentou novamente. Com apenas dois funcionários, abriu o Boteco da Carne.

“Os erros estavam muito claros. Na hora em que você sai um pouquinho do dia a dia, consegue ver melhor.”

Ele conta que passou a “ter medo” de dívida, passou a conhecer melhor todos os detalhes do trabalho.

Hoje Marques é dono de três empresas. Ao todo, as casas de carne empregam 80 funcionários.

APRENDIZADO

O empresário Eduardo Migliano, 25, conta que teve de reiniciar o projeto duas vezes, por desentendimentos com investidores.

No site da companhia, funcionários avaliam anonimamente as empresas em que trabalham em seu site e oferece ferramentas para que empresas encontrem pessoas que poderiam trabalhar nelas.

A empresa começou a ser desenvolvida em 2011, tendo um antigo chefe de Migliano como investidor.

Fonte: Folha de S.Paulo