Exemplo de pai, empresário e político, Ciro Nogueira Lima, recebe a homenagem da Câmara de Dirigentes Lojistas de Teresina. Ciro, cuja fascinante vida precisa ser atenciosamente estudada, em todos os campos em que atuou, com competência e brilho, para servir de ensinamento e exemplo aos seus conterrâneos, pela irrepreensível lição de simplicidade e de honradez. Faleceu no dia 28 de março.

Na última quinta-feira (04), foi realizada a missa de sétimo dia com a presença da esposa Eliane Nogueira, aos seus diletos filhos, Ciro Nogueira Filho, Gustavo Nogueira, Raimundo Neto Nogueira, Alessandra Nogueira, Juliana Nogueira, noras, genros, netos e demais familiares.

A CDL de Teresina, em homenagem a esse grande homem, transmite a mensagem escrita pelo Dr. José Cerqueira e lida durante a missa por Raimundo Neto Nogueira, que reflete a imensidão da perda de Ciro Nogueira Lima.

Nunca entendi

Nunca entendi porque, ainda garoto, ouvi meu pai dizer-me, mirando alguém que saía do Carnaúba: “Aquele ali é um homem direito”. Sr. Dantas dividia as pessoas em duas únicas categorias: a dos direitos e a dos atrapalhados. Com o tempo aprendi que os direitos eram absolutos, inteiros. Já os atrapalhados eram divididos em grupos: os atrapalhados com dinheiro, os atrapalhados com mulheres, os atrapalhados com política, os atrapalhados com bebidas etc. eram poucos, muitos poucos, aqueles que meu pai colocava na categoria dos direitos: “O nome dele é Ciro Nogueira, de uma família de gente rica”, completou meu pai, enquanto atravessávamos a rua.

Nunca entendi porque, anos depois, já adolescente, quando comecei a ir às festas do Clube dos Diários, me surpreendia tanto o fato daquele rapaz que meu pai elogiara, ter tantos amigos e ser tão querido.

Nunca entendi como o boato começou, nem como tanta gente sofreu quando descobriu que a linda Eliane, a garota mais bonita da cidade, iria casar-se com Ciro Nogueira. Mais difícil ainda foi entender como os dois, a cada vez que os encontrei, nos quarenta anos seguintes, mais irradiavam amizade, companheirismo e amor, um pelo outro.

Nunca entendi como, de repende, naquele momento de grande desespero pessoal, surgiu-me Ciro Nogueira, com sua mansidão e sua doçura, explicando, carinhoso e sereno, que as desgraças acontecem a todos, e nos ensinam muito.

Nunca entendi como, nestes dias de hoje, quando os filhos ignoram e rejeitam os pais, Ciro Nogueira tornou seus filhos pessoas tão apaixonados por ele, e tão carentes do seu apoio e da sua aprovação. Mas hoje, nesta manhã de quinta-feira, quando vi a tristeza serena e a dor silenciosa das pessoas que cuidaram dele, entendi que Ciro Nogueira veio ao mundo para nos ensinar como viver, e como morrer, com estilo e elegância.

Adeus, amigo Ciro. E dê um abraço em meu pai. Será um encontro de dois homens direitos.