Uma pesquisa recente encomendada pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e pelo SPC Brasil revela uma situação bem delicada e preocupante no nosso país: mais da metade dos brasileiros (52%) assume que já fez pelo menos uma compra por impulso nos últimos três meses.

O levantamento também procurou identificar com quais produtos os brasileiros mais gastaram desnecessariamente nos últimos 90 dias. Itens como roupas (29%) e calçados (19%) lideram a lista das compras supérfluas, seguidos poreletrônicos/celulares (18%) e perfumes/cosméticos (12%).

A pesquisa também detectou comportamentos que demonstram falta de planejamento por parte dos consumidores. Mais de um terço (35%) admite que não tem o hábito de olhar o extrato bancário antes de fazer uma compra parcelada – principalmente homens (39%) e brasileiros da classe C (38%). Além disso, 12% chegam a incorporar o limite do cheque especial e do cartão de crédito como parte do orçamento disponível para ser gasto no mês.

Acredito que o consumo não planejado é ruim para o consumidor e para o lojista. Para o consumidor, porque um ato deixa de ser prazeroso e saudável a partir do momento em que essa prática conduz a pessoa ao descontrole orçamentário e, consequentemente, à inadimplência. E é ruim para o lojista pelo simples fato de que, pior do que não vender é vender e não receber. Em outras palavras: nenhum dos dois sai ganhando nessa situação.

Atitudes simples como pensar duas, três vezes na real necessidade de comprar um produto antes mesmo de adquiri-lo, fazer três orçamentos e pleitear por descontos são atitudes que minimizam as chances de fazer compras desnecessárias e de ter um possível descontrole financeiro. Para os mais impulsivos, evite compras em momentos de ansiedade, raiva, carência e de baixa auto-estima. Essas pessoas tem tendência de suprir uma lacuna emocional com bens materiais.

Além disso, o consumidor deve ser ainda mais cuidadoso com as compras em tempos de aperto no crédito, inflação alta e baixo crescimento da economia. Isso porque os bancos estão aumentando os juros. Ao mesmo tempo, os salários já não estão aumentando como antes. Sendo assim, a dica, principalmente para quem já está endividado, é juntar dinheiro para dar uma entrada maior na aquisição de um produto e diminuir o número de prestações. É algo que vale o esforço em qualquer circunstância, mas que ganha importância principalmente neste atual momento econômico.

Roque Pellizzaro Junior
Presidente da CNDL