Embora a situação da economia brasileira tenha se mostrado mais sólida no último trimestre do ano passado, três em cada 10 brasileiros (28%) deram adeus a 2019 no vermelho, segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).

Ainda assim, o cenário é positivo em comparação com o ano anterior: em março de 2018, a taxa de consumidores que não conseguiram pagar todas as contas chegou a 41%. Em 2019, 40% dos consumidores conseguiram ficar no zero a zero, ou seja, tiveram dinheiro apenas para pagar as contas, sem sobras, e apenas 18% ficaram no azul.

“As pessoas têm a falsa sensação de que viver no zero a zero é saudável em termos de finanças pessoais. Mas vale lembrar que viver dentro do padrão de vida equivale a gastar sempre menos do que se ganha. Assim, é possível construir uma reserva financeira de forma a cobrir eventuais gastos imprevistos”, destaca a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

Mais da metade dos que viraram o ano no vermelho (51%) apontaram como principal motivo os altos preços dos produtos, que dificultaram a tarefa de liquidar as contas – justificativa que figura no topo do ranking desde o início da série histórica, em janeiro de 2018, ainda que os dados oficiais tenham indicado uma tendência de recuo da inflação ao longo dos meses. Também foram citados como obstáculos à missão de honrar os compromissos financeiros a queda da renda (23%) e a perda do emprego (21%).

Para evitar fechar 2020 na mesma situação do ano anterior, 39% dos brasileiros querem diminuir o nível de gastos, que envolvem desde despesas básicas como supermercado, água, luz e telefone, até itens considerados supérfluos, como lazer e vestuário. Esse desejo é impulsionado principalmente pelos preços elevados (46%), pela tentativa de economizar (28%) e pelo desemprego (25%). Enquanto isso, 41% dos consumidores pretende manter o mesmo nível de gastos dos meses anteriores, enquanto 13% acredita que vai elevá-lo, principalmente em decorrência do aumento do preço dos produtos e serviços (68%).
Metodologia

Foram entrevistadas 800 pessoas acima de 18 anos de todos os sexos, classes sociais e regiões. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para um intervalo de confiança de 95%. Baixe a íntegra da pesquisa em https://www.spcbrasil.org.br/pesquisas