O jeitinho brasileiro de deixar tudo para a última hora deve prevalecer mais uma vez neste Natal. Se depender do consumidor, os corredores das lojas e dos shopping vão ficar lotados nesse fim de ano. Um estudo realizado pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pelo portal de educação financeira Meu Bolso Feliz em todas as capitais brasileiras estima que 17 milhões de consumidores vão deixar para comprar os presentes faltando uma semana para o Natal − no ano passado, este número era de 16,5 milhões de pessoas.

A pesquisa também mostra que apenas 5% dos entrevistados disseram que vão deixar de comprar o presente para aproveitar as liquidações de início de ano. Este percentual sobe para 13%, quando analisados apenas os consumidores com mais de 50 anos e cai para 0% entre os entrevistados de 25 e 34 anos.

Perfil do gasto

Neste ano, o gasto médio do presente de Natal aumentou de R$ 86,59 em 2013 para R$ 122,40 em 2014. Por outro lado, o número médio de presentes comprados deve permanecer estável: 4,3 presentes por consumidor. De acordo com o estudo, a pessoa mais presenteada neste Natal deve ser a mãe, com 56% das intenções, seguida pelos filhos, com 53% das intenções, e pelo cônjuge, com 52%. As roupas (77%), os calçados (50%) e os perfumes (45%) devem ser os presentes mais comprados e também os mais desejados pelo consumidor. Veja as listas completas aqui.

Comprar de última hora é um mau negócio

Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, deixar as compras natalinas para a última hora não é uma boa opção para quem pretende gastar menos. “Se o consumidor deixa para comprar em cima da hora, acaba não tendo tempo para pesquisar preços e, consequentemente, desembolsa mais. Sem mencionar o risco dele não encontrar o produto desejado e ter que optar por um bem mais caro, comprometendo o orçamento”, explica Kawauti.

Os especialistas do SPC Brasil alertam para o que consumidor, movido pelo estresse e pela empolgação, não acabe fazendo compras sem necessidade. “Na pressa por garantir todos os itens da lista e para não deixar ninguém sem presente, o consumidor acaba dando menos importâncias aos detalhes e cede às compras impulsivas. Sem falar no estresse ocasionado pelas longas filas nos caixas e pela dificuldade para encontrar vaga nos estacionamentos”, adverte. O ideal, segundo a economista, é fazer uma lista de todos os presenteados e levar o dinheiro contado que se quer gastar. Dessa forma, não há perigo de exceder o valor previsto.

IPTU, IPVA e material escolar

A economista lembra que após os gastos com as festas de fim de ano, os consumidores são obrigados a arcar com o pagamento de compromissos sazonais de alguns tributos como IPVA, IPTU, seguro do carro e material escolar, o que juntos pressionam o orçamento doméstico.

“Uma dívida feita sem planejamento pode comprometer o orçamento de muitos meses. O efeito imediato das compras impulsivas e não planejadas realizadas no período natalino é a inadimplência, pois somente depois que as contas de início de ano chegarem é que o consumidor vai se dar conta de que o salário não será suficiente para cobrir a soma de todas as parcelas dos presentes comprados”, alerta a especialista.